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A pandemia de Covid-19 elevou a saúde ao protagonismo dos assuntos em nossa sociedade e o Global Forum - Fronteiras da Saúde não poderia criar a sua agenda sem incluir esse tema. No entanto, o evento vai muito além, pois sua proposta desde 2019 é a de promover um amplo debate, estabelecer conexões e trabalho em rede, para lado a lado identificar caminhos para que a saúde no Brasil avance rumo à sustentabilidade.


A fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado (LAL), idealizadora do Global Forum, Marlene Oliveira abriu os trabalhos do primeiro dia do evento, quarta-feira, 6 de outubro, lembrando que em 13 anos de atuação, o principal papel do LAL é mobilizar e engajar os brasileiros nas questões relevantes sobre saúde e trabalhar para que a população tenha informações e acesso digno e de qualidade, em todas as fases da vida. “Este ano, nossa agenda foi desenhada para identificar os caminhos para a reestruturação da saúde em 2022, a incorporação de novas tecnologias, não só para tratamentos, mas também prevenção e ideias para um ciclo virtuoso para o financiamento” – foi assim que Marlene inaugurou os trabalhos mencionando a dimensão da pandemia para nosso sistema (524 bilhões de reais gastos em 2020 e 87 bilhões de reais até setembro de 2021).


A edição de 2021 do evento reuniu mais de 2500 pessoas online em seu primeiro dia, entre gestores de saúde, pesquisadores, cientistas, médicos, academia, sociedades médicas, imprensa entre outros membros da sociedade civil e também formuladores de políticas públicas, e foi dedicada a todos que acreditam em mudar o cenário da saúde no país. “Não é viável a promessa do tudo para todos, mas temos que lutar para o tudo para quem precisa, na hora certa!”, conclamou Marlene.

Aula Magna

A transformação da saúde: os desafios dos sistemas de saúde

Prof. Dr. Nick Guldemond (Professor de Assistência Integrada e Tecnologia, Sechenov First Moscow State Medical University e Professor de Cuidados Integrados e Tecnologia na Sechenov First Moscow State Medical University).

As transformações na saúde e como nos preparar para a demanda crescente

Os sistemas de saúde mundiais estão bastante vulneráveis e isso não tem a ver somente com o cenário pandêmico de 2020. Na verdade, o colapso em vários países aconteceu porque os sistemas se tornaram mais instáveis e mais pressionados com a infecção pelo coronavírus, mas isso não foi de repente. Com essa declaração, o Prof. Dr. Nick Guldemond, abriu a aula magna do primeiro dia já instigando a necessidade de repensar a saúde como um todo.


Guldemond, que é professor de assistência e cuidados integrados e tecnologia na Sechenov First Moscow State Medical University e trabalhou com governos e indústrias em vários países, inclusive no Brasil, ainda ressaltou que essa vulnerabilidade não aconteceu repentinamente, mas sim, tem a ver com o envelhecimento da população. “Já sabíamos, mas os governos não tomavam providências. Na Inglaterra, por exemplo, os hospitais já estavam lotados com gripe em 2018”. Isso demonstra como, mesmo em sistemas de saúde bem desenvolvidos, já havia muita pressão para suportar a pandemia de covid-19 que chegou avassaladora.


A população envelhece em proporção desequilibrada, com menos pessoas ganhando dinheiro e menos pessoas para cuidar desses idosos, e está adoecendo. Na Europa, após os 60 anos, 80% das pessoas têm três ou mais condições de saúde crônicas.
Com o crescimento dos gastos com a saúde, Guldemond recomenda que haja uma mudança de paradigma, que hoje é muito focado em cuidados hospitalares e que o foco seja transferido para a atenção em prevenção, com centros comunitários que se preocupem em verificar mais o que as pessoas precisam do que com o manejo de tratamentos.


Nos países em que houve sucesso com a mudança no sistema, 90% dos problemas tem sido resolvidos na atenção primária. O professor citou os centros comunitários e enfermeiros sociais como exemplos de como pode-se alinhar os serviços para prever as necessidades da comunidade.
Ele ainda citou casos de sucesso no Brasil, como os modelos de atenção primária oferecidos em Belo Horizonte e em São Paulo. “Se fizermos a ‘navegação’ para o paciente ser mais fácil nesse mundo de estratégias, vamos ter sucesso”, explica.


Por outro lado, há o papel da tecnologia nas mudanças de paradigma requeridas. A incorporação das teleconsultas, que foi acelerada com a pandemia, e a integração de sistemas. “Não dá para festejar o sistema digital, pois precisamos melhorar. Há plataformas que usam inteligência artificial e algoritmos para dar suporte aos médicos, mas ainda há problemas para serem resolvidos como a remuneração e o excesso de prescrição”, alerta o professor.
Saúde baseada em evidências, atenção local e primária e sistemas digitais são um caminho para uma transformação que já começou.

ABERTURA

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